Refrigeração Líquida, por que não?

No post passado, sobre nova Fazer 250 ( Clique aqui caso não tenha visto ), eu critiquei o fato das motos desta categoria ainda não virem com refrigeração líquida, e agora venho explicar os motivos para adotar este sistema de refrigeração.


As motos refrigeradas a ar, como o próprio nome já diz, usam o ar como agente para troca de calor, geralmente tem seus blocos com aletas para facilitar esta troca, pois quando o ar passa por elas ele leva consigo parte do calor gerado pelas explosões ocorridas no cilindro.

Exemplo de motor refrigerado a ar


Este é um sistema simples, barato, arcaico e... ineficiente, o ar tem uma capacidade muito baixa de absorver esta energia em forma de calor, além de sofrer maior interferência de acordo com a temperatura e pressão do lugar onde o motor está operando, ele exige na maior parte dos casos uma mistura mais rica para ajudar na dissipação de calor do mesmo, consequentemente gerando maior poluição. (Clique aqui para entender sobre a mistura ar/combustível de um motor), e outras desvantagens menos críticas.

Do outro lado, está a refrigeração líquida, mais complexa, cara, moderna e... eficiente, porém o nível de complexidade é baixo, e simples o suficiente para se ter sistemas confiáveis, o quão caro ela é, em relação ao custo do motor torna-se apenas uma fração de seu custo, e suas vantagens são diversas.


imagem retirada de fazerfacil - Link da página


A primeira e principal vantagem, a manutenção da temperatura, não é apenas o fato da água absorver e dissipar o calor do motor de maneira mais rápida a sua grande vantagem, e sim que ela torna esse processo mais linear, fazendo com que o motor demore mais para esquentar ou esfriar, e elimina os extremos tanto de alta quanto baixa temperatura. Isso ajuda as peças internas a obterem um melhor ajuste, e funciona com folgas menores que os motores refrigerados a ar.

Em segundo lugar, como já falado, é a sua capacidade absorver e dissipar a alta temperatura, pois ela passa por câmaras internas ligadas ao cilindro do motor para absorver o calor excessivo do motor, e depois por um radiador que vai ajudar a dissipar o calor obtido, tendo assim uma capacidade muito maior em diminuir a temperatura do mesmo.

Com essas 2 capacidades juntas (manutenção de temperatura e capacidade de dissipação), o motor pode vir a trabalhar com uma mistura mais pobre, tornando-se assim um motor mais eficiente, pois não necessita injetar maior quantidade de combustível para ajudar na dissipação do calor.

E como vantagens secundarias, podemos citar também o fato de que a água que circula no cilindro ajuda também a isolar o ruído sonoro (barulho) gerado pelo motor, e agir como contra-balanço diminuindo a vibração que o mesmo gera.

Cada vez mais o uso da refrigeração a ar vai caindo em desuso, países com o mercado de motos mais desenvolvido já usam a refrigeração líquida até nos modelos populares de motocicletas (125cc, 200cc), a refrigeração a ar vai ficando restrita a um público seleto, que exige esta configuração para usos muito específicos, ou apenas pelo saudosismo, já que o mesmo está mais do que comprovado ser um sistema ineficiente de refrigeração e manutenção da temperatura do motor.

E por aqui, nem as motos como a Fazer 250, CB300, Falcon, etc, que já nem são mais consideradas como motos populares adotam um sistema melhor e mais moderno, e a minha pergunta é: Até quando? Acredito eu que isso só mudará no dia em que a lei de emissão de poluentes ficar tão restrita, que um motor refrigerado a ar vai ficar tão fraco e inviável, que não sobrará mais saída a não ser adotar a refrigeração líquida.

De um lado da culpa está as montadoras, que não enxergam a necessidade de oferecer um produto melhor, mesmo que os custos para isso nem seja algo tão crítico, e do outro, dos consumidores que ainda são adeptos a velharias tecnológicas com o jargão de que as outras tem apenas mais peças para "enguiçar".

5 comentários:

  1. Justamente pelo surgimento das motos "flex" no mercado brasileiro, e pelo etanol se beneficiar até mais do que a gasolina com um gerenciamento térmico mais apurado, é realmente de se estranhar que a refrigeração líquida não venha se consolidando tão rapidamente no mercado motociclístico brasileiro.

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    1. Custo. Competitividade. A esmagadora maioria dos motociclistas quer preço e baixíssimo risco de manutenção; se uma montadora tiver que cobrar 300ão a mais pela sua moto vai perder mercado pras xaochinglings que vendem mais barato. No fim a maioria dos argumentos ficam em nao perder mercado, reduzir custo a ponto de tirar um parafuso de cada uma das milhares de motos da produção pra gerar um numero mais bonito pros acionistas e ao mesmo tempo ter um produto que não dure tanto tempo assim...

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    2. Realmente, nos segmentos de entrada fica mais difícil conciliar a questão do custo.

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  2. Não foi comentado aqui a refrigeração líquida a óleo. Com vantagens, pois simplifica o sistema com fluido único além de ser mais compacto. Mto melhor.

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  3. Saudades da minha antiga Agrale 30.0, comprei em 1986, não entendi como uma moto da poderosa Honda não oferecer algo tão necessário par não assar as pernas

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